quinta-feira, junho 30, 2005

Sabedoria

"I know I smell, Sam. It's a disease. My mom says it's a gift: good people don't mind and it keeps the jerks away."

no Freaks and Geeks. JB

The prettiest thing


Domi



Prettiest Thing
Norah Jones


"The prettiest thing
I ever did see
Looks like home to me"

Há dez anos por cá. Parabéns!

Priminho João

quarta-feira, junho 29, 2005

Náufragas (dia 4, de tarde)


O dia acabava com o sol a preparar-se para se esconder no mar, com tempo ainda de pintar as nuvens de laranja e o céu de cor-de-rosa. As ondas, agora mais calmas, reflectiam a luz do sol e transformavam o mar num imenso manto de brilhantes.
- Olhem! Olhem o mar! Parece cheio de... coisos.
- Não parece nada. Parece...
A Euguenia e a Marija, depois de um goles de vodka, tontas e agarradas uma à outra, discutiam o que o mar parecia. Estávamos bêbedas. Todas. Parecíamos querer esquecer a nossa situação. Éramos náufragas numa ilha deserta, sem terra à vista, longe de tudo e de todos, sem roupa além do que trazíamos no corpo e com comida para menos de uma semana.
- Karolina! Olha só!
A Inguna e a Natasha tinham tido a ideia de misturar vodka com leite de côco. Viravam uma garrafa ao contrário para dentro de um buraquinho que tinham feito num côco com uma pedra mais afiada.
- Vodka-côco! - disseram em uníssono.
Olharam uma para a outra, silenciosas por uns momentos, e desataram num riso mudo, agarradas à barriga.
- Parva, estás a entornar tudo!
- Tu é que tens a garrafa!
Ri com elas. Também eu tinha bebido um bocado. Bastante... Merda, estou tonta! A Natalia e a Carmen continuavam deitadas na areia e deixavam os seus corpos ser levados pelas ondas, fracas, elas e as ondas, enquanto riam de qualquer coisa que a Marija tinha dito. Estão doidas, não estão em condições para estar no mar! É perigoso... Ia gritar-lhes dali, mas tropecei e caí na areia. Deixei-as estar. E deixei-me também ficar, sentada na areia, a senti-la nas mãos e a olhar para as raparigas que se riam de mim. Parvas...
Procurei a Valentina. Encontrei-a mais atrás, ao pé das árvores, a soluçar, encolhida. A Hana procurava animá-la com beijos no ombro e festinhas no cabelo mas chorava também. A Natalia, enrolada na areia, nas ondas e na Carmen, percebeu o que se passava. Apoiou-se na Carmen para se pôr de pé e ajudou-a a levantar-se.
- Que foi, pá?
- É a Valentina...
Espremeu o cabelo e saiu da água, ondulante, seguida da Carmen. Debruçou-se sobre a arca e tirou de lá a lata de leite condensado que ainda não tinha acabado.
- Queres, Carmen?
- Não. Dá-me antes a garrafa de vodka.
Deu-lhe a garrafa quase vazia, pousou na areia a lata que segurava e despiu a parte de cima do biquini. Olhou mais uma vez para a Valentina e a Hana. Já não estavam a chorar, a Marija e a Euguenia estavam com elas. Sentou-se na areia e recomeçou a comer o leite condensado com os dedos.
Já não se via o sol. Merda! Não acendemos uma fogueira!
- Miúdas, esquecêmo-nos! Não fizemos uma fogueira!
Ficaram silenciosas, preocupadas.
- Tem calma! - gritou do fundo a Carmen, deitada de lado na areia, com a cabeça apoiada na mão - Não há-de ser difícil. Temos vodka! - levantou o braço onde segurava a garrafa.
- E isqueiro! - acrescentou a Inguna - Dos maços de tabaco.
É verdade... Tudo parecia mais simples, agora que tínhamos encontrado a arca.
- Boa! Vou buscar paus secos à floresta. Quem quer vir comigo?
A Natalia ofereceu-se de imediato, com os lábios cheios de leite condensado e os dedos lambuzados. Levantou-se, limpou o que tinha entornado na barriga e vestiu o biquini.
- Estou pronta, Karolina! Vamos!
Deixávamos a praia e entrávamos na floresta, até onde tínhamos ido da outra vez para encontrar paus que ardessem melhor. Agora, no entanto, quase de noite, tudo parecia diferente. Não vejo nada... A Natalia deu-me a mão.
- Estás com a mão toda lambuzada, Natalia!
- Claro! Estive a comer.
- Detesto leite condensado.
- Já provaste?
- Não. Mas sei que...
Antes de me deixar terminar a frase, estava a beijar-me, no escuro, com os braços à volta da minha cintura. Sentia o sabor do leite condensado nos meus lábios.
- Como é que é possível não gostar de leite condensado?
- Boca de pato...
- Oh!
Senti umas mãos a agarrar-me os braços. Tentei olhar, mas não via nada. Não eram as mãos da Natalia.
- Karolina?...
- Natalia!
Senti puxarem-nos com força, cada uma para seu lado.
- Karolina!!
- Natalia!
Havia mais alguém na ilha.

JB

terça-feira, junho 28, 2005

Cenas da vida em sociedade

"Em Portugal, ninguém é sensível às reacções fisiológicas que tamanha sofreguidão pode causar. Pelo contrário, em Portugal, parece haver grande apreço por festivais de regurgitação. Bem sei que é um clássico da comédia. Que os Monthy Python fizeram um sketch no The Meaning of Life em que um homem explodia de tanto vómito que tinha para oferecer ao mundo. Também me ri. Mas isto é a vida real. E a vida real não é comédia nenhuma. A comida custa dinheiro. O vómito, por muito bom recurso cómico que seja, é puro desperdício. Procurei explicar isto ao grunho, mas ele disse que "dinheiro, dinheiro", foi o que ele gastou no "tuning", e a "bófia" não o deixava "ouvir o cantar do bicho" na ponte Vasco da Gama. A namorada sorriu e chamou-o de "porco". Apesar de ser um elogio, ele irritou-se, e disse "uma granda porca é mas é a tua mãe, e eu não digo nada". A ironia do que acabava de dizer escapava-lhe por completo.
E enquanto isso o arquitecto continua a explicar, ao jornalista do seu jornal, o quão era extraordinário." continua

Genial, de tão novelesco que é. Uma das novas aquisições nesse compêndio de boa literatura a que chamamos Acne em ferida. A ler, decididamente. BF/JB

Estado da Cultura em Portugal


Isabel Pires de Lima (Ministra da Cultura)
BF

Náufragas (dia 4, de manhã)


- Karolina! Karolina!
Acordei de repente. Olhei com dificuldade para o sol. A manhã ia já longa, tinha-me deixado dormir. A Inguna e a Valentina vinham a correr pela praia, excitadas com qualquer coisa. As outras seguiam-nas. A Natalia, que tinha adormecido em cima de mim, acordou sobressaltada, com as bochechas coradas e o cabelo desgrenhado.
- O que foi, Karolina? - disse com voz rouca, enquanto ajeitava o biquini que lhe saía do sítio e sacudia a areia da barriga.
- Não sei...
Mais de perto, percebi que vinham a rir e que cada uma trazia qualquer coisa debaixo dos braços. Garrafas?... Encontraram alguém! A Marija e a Natasha, mais atrás, ajudavam-se uma à outra a carregar uma arca de madeira. Mas é a arca do...
- Karolina! Encontrámos as coisas do barco! Encontrámos as coisas! Deram à costa!
Levantei-me e ajudei a ensonada Natalia a levantar-se. Não tinham encontrado ninguém mas também não traziam más notícias. Pelo que me lembrava que guardávamos dentro da arca, não íamos ter problemas em arranjar que comer. Pelo menos durante uma semana...
- Marija, o que é que encontraram dentro da arca?
- Bem... - pousou a arca na areia num movimento pesado e largou a pega. Começou a vasculhar - Temos bolachas de água e sal, pacotes de batatas fritas, caviar, paté, muitas maçãs, pêras... - ajoelhou-se na areia e debruçou-se sobre a arca para procurar melhor - Mais bolachas, ketchup, muitas garrafas de água, os vossos maços de tabaco, outras batatas... - agarrou uma coisa no fundo da arca e olhou para trás, a sorrir - As latinhas de leite condensado da Natalia...
- Dá cá! - arrancou uma lata da mão da Maria e olhou para ela, envergonhada - Eu gosto, qual é o problema?
Estava a fazer beicinho outra vez. Boca de pato...
- E mais?
- Mais nada.
Olhei para a Inguna e a Valentina. Estavam com as mãos atrás das costas, a esconder qualquer coisa, a morder o lábio e a sorrir.
- Mais nada?
Mostraram o que escondiam.
- Vodka!!
- Boa! Dá cá uma garrafa. - disse uma de nós, atrás de mim.
Voltei-me. Era a Carmen, já sem febre e acordada, mas ainda fraca e apoiada na Euguenia. Pegou numa garrafa, abriu-a e bebeu dois goles.
- Carmen, não devias...
- Karolina, já estou boa. - piscou-me o olho e levantou a garrafa em jeito de brinde - Merecemos, afinal de contas.
Deixei-a estar, não disse mais nada e pisquei-lhe o olho também. Merecemos, afinal de contas. A Natalia tentava ainda abrir a lata de leite condensado com uma concha.
- E as roupas? - perguntei - Encontraram alguma mala?
- Não, só encontrámos a arca. Vamos ter de continuar a usar os nossos biquinis.

JB

segunda-feira, junho 27, 2005

Andas a fazer asneira... (V)

Melissa Theuriau

Vou ali a Paris e já venho. BF

Má casta

"Rapaz com menstruação surpreende médicos indianos"

José Castelo Branco, aka Tatiana Romanova, já se encontra a caminho da Índia. BF

Fellow americans...

"Bush fala na terça-feira à nação sobre o Iraque"

- ...there's the bees and the birds.The enemies of freedom are the bees, we are the birds. The birds usually eat the bees, 'cause they're bigger. But the bees can be pretty nasty. They can wound the birds with their little stings. Nothing very serious, really, for the birds are protected by the eternal light. And God bless America!
BF

Pequena correcção

"Campos e Cunha nega existência de erros no Orçamento Rectificativo"

O ministro prefere o termo "incorrecções". BF

Let's just be friends

"Iraque: Blair considera "sensato" iniciar conversações com a resistência"

É evidente que após milhares de baixas - só americanas foram mais de 1700 - e com um nó cada vez mais dificil de desatar tudo se afigura sensato. Mesmo para quem expressamente rejeitava qualquer tipo de diálogo com esta mesma resistência, que ainda há poucos meses degolava jornalistas. BF

Náufragas (dia 3)


Ontem o dia acabou da pior forma. Quando a Carmen tinha finalmente forças para andar, dividimos-nos em dois grupos e decidimos ir procurar alguém. A Natalia, a Carmen, a Marija e eu fomos para um lado da praia. A Hana, a Euguenia, a Valentina, a Natasha e a Inguna foram para o outro. Estava combinado voltarmos para trás assim que encontrássemos alguém ou quando começasse a escurecer. O sol ainda não se tinha posto quando nos encontrámos, do outro lado da ilha.
Hoje a moral das raparigas piorou. A Euguenia ofereceu-se para ficar com a Carmen, que tinha piorado desde ontem, por causa da caminhada, e estava agora com febre. Sentada na areia, eu observava a Natalia, que olhava para o mar com saudades de casa. Temos de fazer alguma coisa rápido...
- Hana! Anda cá.
Levantou-se, surpresa, e veio ter comigo.
- Diz, Karolina.
- Não foste tu que andaste nos escuteiros?
- Sim.
- Sabes atear um fogo?
- Porquê?
- Não queres ficar para sempre nesta ilha deserta, ou queres? E já começa a escurecer. Temos de nos aquecer de noite.
- Mas eu nunca ateei um fogo. Tenho só uma ideia de como se faz.
- Serve. Tentamos.
De noite, à volta da fogueira, bebemos o leite dos côcos que a Natasha e a a Marija tinham ido procurar e dividimos o caranguejo que a Natalia tinha apanhado. Contámos histórias estúpidas umas às outras e cantámos, desafinadas, antes de adormecermos abraçadas, cobertas por folhas de palmeira.

JB

Admite-se

Miúdas giras para ir à praia, na sequência do desaparecimento de nove das nossas melhores amigas. Não somos rigorosos. Não precisam de ser a Gisele, a Adriana, a Heidi ou mesmo a Natalia. Só precisam de ser tão giras como elas.
Preferências: modelos eslavas ou brasileiras, com ou sem biquini, bissexuais e fãs do Pontos Negros e/ou dos seus autores.
As candidaturas devem ser enviadas até ao fim de Junho para a nossa caixa de correio. A apresentação ao serviço decorrerá nos primeiros dias de Julho. BF/JB

domingo, junho 26, 2005

Náufragas (dia 2)


Estávamos ainda acordadas quando o sol já estava a nascer. Não tínhamos conseguido pregar olho a noite toda, com a chuva tropical a cair pesada nas copas das árvores onde nos abrigáramos. A Valentina e a Inguna foram as únicas que conseguiram adormecer por uns momentos, com o cansaço. A Euguenia, a Hana, a Marija e a Natasha passaram a noite abraçadas para se aquecerem, a soluçarem de quando em vez para esconderem o choro e não se assustarem umas às outras. Eu fiquei com a Natalia a olhar pela Carmen, que dormia ainda, demasiado fraca e pálida.
Agora que a chuva parara e o sol se levantava e aquecia a areia, as raparigas arriscaram sair do abrigo e espreitar a luz do dia. Uma a uma, aqueciam-se deitadas na areia, com a cara levantada para o sol.
- Karolina, Natalia! Venham, já não chove! Aqui está quentinho!
- Não podemos! - gritou a Natalia, irritada - A Carmen...
- Natalia, vai. Estás a tremer de frio, vai aquecer-te com elas. Hoje temos um dia comprido pela frente.
- Mas, Karolina...
- Eu já vou ter com vocês. A Carmen deve estar a acordar, também precisa de apanhar sol.
- Está bem.
Deu-me um beijinho no pescoço.
- Boca de pato...
- Oh, parva! Querias tu...
- Vá, vai-te embora.
Levantou-se. Vi-a despir o biquini encharcado enquanto descia o areal. A Natasha, a Valentina e a Inguna imitaram-na e estenderam os biquinis ao sol. Hoje temos de ir à procura de alguém... Olhei para a Carmen, com a cabeça no meu colo. Acordava...

JB

Da série "Conspiro que me farto"

"Ministro da Defesa diz que crise pode pôr em causa independência nacional"

Bem, alguma desculpa a Defesa tinha de arranjar para evitar mais cortes financeiros no sector, um dos mais molestados nesta senda de contenção. E uma perda da independência nacional sensibiliza qualquer um. A isto se chama criar uma necessidade. Puro marketing. BF

Náufragas (dia 1)


Acordei com o som das ondas a rebentar na areia. O sol aparecia já atrás das nuvens, envergonhado, entre o céu e o mar. Naufragámos.
Deitada na areia, sentia o mar a empurrar-me o corpo para a frente, lentamente. Tentei levantar-me, com esforço, mas caí logo a seguir. Não sentia as pernas. Estava fraca e enjoada, com vontade de vomitar. Devo ter engolido imensa água salgada. Tossi compulsivamente e acabei por vomitar alguma da água que tinha engolido. Olhei à minha volta. O mar azul a perder de vista, o areal branco deserto e o mato verde e denso à minha frente.
Tinha de encontrar as outras. Nova tentativa de me levantar, nova tentativa falhada. Merda... Deitei-me de costas, conformada. No céu, as nuvens ameaçavam uma tempestade. Elas têm de estar aqui também, não posso ser a única! Ao longe, um trovão acordara os sons da floresta. Merda! Tenho de ir à procura de alguém. Tentava levantar-me outra vez. Oxalá...
- Karolina?!
Olhei.
- Natalia!
- Karolina!!
Vi-a correr na minha direcção, atabalhoada, tropeçando a cada passo. Tonta, Natalia...
- Karolina! Rápido, anda! A Carmen está desmaiada, não sabemos o que fazer!
- A Carmen?!
- Precisamos de ti!
- Natalia, onde estão todas?
- Karolina...
Deixou-se cair em cima de mim e abraçou-me, com os olhos molhados e o cabelo salgado. Encheu-me de beijos com os seus lábios de boneca, a sua "boca de pato", como eu gostava de chamar quando a queria chatear. Tirei-lhe o cabelo da cara e limpei-lhe as lágrimas.
- Natalia, as outras?
- Anda, Karolina, a Carmen precisa de ti. Estamos todas lá ao fundo, as oito.
- Vamos, ajuda-me a levantar-me.
Apoiei-me nela, levantei-me e olhei em frente. Via-as dali, ao longe.
- Achas que vamos conseguir, Karolina?
- O quê, Natalia?
- Não sei... - olhou para baixo e recomeçou a chorar.
- Natalia, ouve-me. - levantei-lhe o queixo saliente e olhei-a nos olhos - Nós cá nos safamos, miúda! Nós cá nos safamos...
- Está bem...
Continuámos a andar. Nove modelos naufragadas numa ilha deserta. Nós cá nos safamos... Quanto mais repetia as palavras, menos acreditava nelas. Nós cá nos safamos...

JB

sexta-feira, junho 24, 2005

A luta continua

"Sondagem: PCP é partido que mais sobe em mês impopular para Governo"

Terá algo a ver com as histerias sindicais? BF

Lógica geoestratégica

"Iraque: Bush afirma não ter calendário para retirada das forças norte-americanas" Link

Já viram o que era! Trazer aquela gente toda de volta para daqui a uns meses voltar a enviá-los para a Síria... Não tinha jeito nenhum! BF

O drama, a tragédia, o horror

Coisas que não perdem a piada

Flatulência. Na televisão. JB

Andas a fazer asneira... (IV)

Amanda Peet
BF

quinta-feira, junho 23, 2005

Syrial killers

"White House Escalates Its Campaign to Isolate Syria"

O namoro foi assumido.

"Bush administration officials asserted today that an international consensus had emerged that Syria had been stoking the violence in Lebanon and Iraq and against Israelis..."

Bom, então se há consenso 'bora lá! Let's crack some heads boys! BF

P.S. - Eu limito-me a manter-vos a par da novela. Caso tenham perdido um episódio, podem sempre ir ver os resumos em posts anteriores.

Há já algum tempo

que ando com ideias de pedir ao Ministério da Educação uma bolsa para estudar no estrangeiro. Tenho medo é que a universidade dos Açores já não tenha vagas. BF

"Levas agasalho?" (V)

Depois da tempestade, a Karolina.


Karolina Kurkova

À minha mãe. JB

quarta-feira, junho 22, 2005

Manifesto "Acorda Portugal!"

Este é um manifesto de reacção contra a ignorância e um manifesto de acção por Portugal.

Considerando as novas ondas de insurgimento generalizado contra a comunidade negra em Portugal, o fácil divulgar de uma mensagem racista simples e o criar de uma atmosfera pesadamente xenofóbica na sociedade portuguesa, decidi expressar o que penso e sinto, da melhor maneira que consigo, pondo na balança Razão e Coração. Pesam o mesmo.
Não se encare este manifesto como uma maneira branda de abordar a criminalidade e a delinquência. Não tenho qualquer interesse em fazê-lo, não fosse eu próprio vítima (como muitos) dessas criminalidade e delinquência.
Enquanto português e enquanto Homem, sinto-me obrigado a escrever o que se segue:

Assistimos a um reverter de argumentos vergonhoso.
O processo é simples: Escreve-se, em primeiro lugar, textos de teor descaradamente xenofóbico (de repulsa por uma raça diferente) e altamente racista (cultivando a inferioridade intelectual da raça negra, cigana ou outras – enfim, a superioridade da raça branca, o que quer que seja a raça branca). Depois, é só esperar pelos nossos protestos revoltados com a podridão a que a mente humana pode chegar e, em actos de puro cinismo, fazer o papel de indignação por não sabermos interpretar devidamente os seus textos, por os acusarmos injustificadamente de xenófobos e racistas. Aí, atacam ferozmente, sustentando que se se falasse de delinquência na raça branca tudo estaria bem, todos concordariam, nenhum “púdico” levantaria a voz e se insurgiria. Reverte-se argumentos, já o disse.

Acontece que o que se assiste não é ao simples relatar de situações de delinquência causadas por pessoas de raça negra (como o revoltante arrastão de Carcavelos e os sucessivos arrastões nos comboios) e à sua contestação legítima. Não. Assiste-se, antes, à tentativa de provar que a delinquência tem origem na própria raça, que os pretos têm natural e geneticamente mais tendência para roubar do que os brancos, que os pretos fazem o que fazem porque são pretos.
Sem nunca excluírem o facto de também na raça branca haver delinquência (porque estes senhores não são nenhuns parvos - a sua inteligência é esperteza saloia - e o seu objectivo é arrastar multidões embevecidas pelo que parece facilmente óbvio), apresentam estatísticas aliciantes, trabalho de casa feito, nas quais provam que o crescimento da delinquência se deu proporcionalmente ao crescimento da imigração e que a quase totalidade dos assaltos, roubos e distúrbios é provocada por pessoas de raça negra. E ficam contentes, inchados de si, convictos de que as estatísticas provam o que dizem, porque ninguém (de facto) pode contrariar dados objectivos.

Meus senhores, há que ser intelectualmente honesto, há que ser mais sério. A imigração não é a causa eficiente da delinquência. Pelo meio, há todo um processo, toda uma conjuntura sociológica que deixa fracas alternativas aos imigrantes que chegam a Portugal, mas de que os senhores se parecem esquecer - ou, pior, preferem não ver. Essa, sim, é a consequência directa da imigração e a causa eficiente da delinquência.
Sei que é mais difícil de aceitar, sei que é menos óbvio para os senhores, mas é este o problema que Portugal enfrenta, não o facto de vivermos com pretos entre nós.

Numa época em que a Humanidade ainda se tenta perdoar pelos crimes cometidos contra si própria e no ano em que se comemoram 50 anos do fim da 2ª guerra mundial, é triste ver pessoas que de humano têm pouco, sentir o ódio quase idealista dentro de si. Que pretendem estes senhores? Será este um regresso à apologia da pureza rácica? A comprovar pelo que se diz, escreve e grita nos rossios de Portugal, não andamos muito longe disso. Estão convencidos do que acreditam e continuarão a estar, porque o orgulho não lhes permite fazer outra coisa, o orgulho cega-os também.
Alimentam a ideia da podridão de uma raça, quando afinal o fruto podre, de tão infelizmente maduro que está, são eles.

Ouvi dizer, pela boca dos próprios, que “(...) os nacionalistas, apesar da sua enorme revolta perante o Sistema da destruição nacional, deram uma cabal demonstração de civismo e activismo político”. É do que este país precisa: extremistas de boas maneiras e interessados na política.
"Acorda Portugal!", dizem eles, donos da Verdade. O melhor que se pode fazer, dizem-me, é ignorar. Dessa forma não lhes damos mais do que a importância que têm – nenhuma. Vá, o PNR (agora Frente Nacional?) ainda consegue uns centésimos de percentagem nas legislativas, contando já com os indecisos que votam em si por piada ou por aposta com os amigos.
Numa altura destas, melhor do que ignorar, parece-me, é reagir. Faço-o aqui.

“Portugal aos portugueses”. Quem utiliza entusiasticamente este brocardo (com razão, vá, porque até fica no ouvido) e, simultaneamente, advoga a ideia de um Portugal que é Portugal desde que se conhece, um Portugal de identidade imutável ao longo de 800 anos de História, um Portugal de portugueses, esquece-se com certeza que Portugal é das nações mais multi-culturais do mundo e que eles próprios são descendentes de romanos, visigodos e muçulmanos. Pergunto-me, ainda, que percentagem deles não terá os seus progenitores emigrados.

Vejo Portugal cair abruptamente, mais do que numa recessão económica, numa “recessão moral”. A maioria dos portugueses não está habituada a pensar, pelo que cai com espantosa inércia na ignorância imbecil da xenofobia e no facilitismo estúpido do racismo. Do canalizar o ódio nos outros ao acreditar pia e cegamente que a raça é causa eficiente da delinquência é um simples passo. E é um passo que vai sendo dado, facilmente, mais rápido do que imaginamos.

Finalizando, sei que, ora corrigindo ideias, ora reforçando-as, tenho a solidariedade e apoio dos meus colegas no Pontos Negros, dos meus amigos, da minha família – e (não menos importante) de muita, mas muita boa gente.
Com este manifesto (que espero que se venha a tornar mais do que um simples manifesto), pretendo defender uma causa que não é nova. Muito pelo contrário, é uma causa antiga, e talvez por isso mesmo precise de ser rejuvenescida. Para isso, preciso de ajuda de todos. Portugal precisa de mudar. Precisa de todos e de cada um para mudar.
Esta é, acredito, uma causa nobre.

"Acorda Portugal"? Concordo. Já é tempo de acordar. Nunca é tarde para perceber que, mais do que branco, mais do que preto - és Homem.

João Berhan

Introdução a um manifesto - a reacção

Contestação directa dos textos cinicamente racistas:

"Qualquer dia sais da puberdade.

Xenofobia é preconceito.
Preconceito é ignorância.
A Ignorância cega.
És cego, és ignorante.

É a primeira vez que insulto uma pessoa que não conheço. Soube bem, foi merecido.
Terei todo o gosto em ajudar-vos a sair da "caverna" onde se encontram. Prometo dar o meu melhor.

João Berhan"

"CAROS SENHORES:

É interessante reparar como alguém se apega a uma notícia de um jornal (exemplar!) como A Capital para fundamentar demagogicamente uma causa ignorante.
Não nego que tenha sido um "arrastão" - é o mais plausível, o óbvio, concordo, e é estupidez falar de assaltos pontuais (estiveste bem). Isso seria, de facto, tapar os olhos com medo da verdade.
But then again, amiguinho, perdes o fio à meada: Delinquência não é um fenómeno racial, mas um fenómeno sociológico. Delinquência não é consequência da raça. Raça não é causa de delinquência.
Desculpa-me as repetições pouco imaginativas, mas são propositadas - por pouco não esboço um desenho para vos explicar melhor; é que estou abismado com a profunda ignorância que revelam e com a demagogia reles e rasteira que usam para arrastar multidões.

Mais uma vez, acredito que alguns de vós, um dia, quem sabe?, sairão da puberdade. Acordarão, arrepender-se-ão do que acreditaram e sorrirão com frieza e desdém para o passado - sem nunca o querer apagar da memória, porque sabem que podem aprender dele. Outros, orgulhosos, sei que morrerão firmes numa causa desumana.

Xenofobia é preconceito,
preconceito é ignorância,
a ignorância cega.

Concluindo (porque reparo que me alarguei no comentário), peço-vos que revejam quais os Pigs que Must Die, se é que, em qualquer circunstância, algum Pig Must Die.

João Berhan"

"CAROS SENHORES:

"Se fazes afirmações que não consegues justificar, elas não têm valor nenhum", disseram-me.
Justificação (escusada!) para o que disse (Xenofobia é preconceito e ignorância):

Luís, grande amigo meu, 16 anos. Não nasceu na miséria nem cresceu rodeado de amigos delinquentes. Teve acesso a tudo o que a maioria de nós teve - educação, ambiente familiar e grupo de amigos saudáveis. Estuda, com sucesso, neste momento no agrupamento 4 do liceu.
É PRETO.

João (nome fictício, porque não lhe perguntei o nome), 16 anos. Nasceu num bairro problemático, numa famíla que não lhe pôde dar a vida que merecia (porque é igual a nós). Cresceu rodeado de delinquência e rendeu-se ao facilitismo estúpido de ir roubar - e, um dia, rodeado do seu gang, assaltou-me a mim, ameaçando-me com uma faca.
É PRETO.

Miguel, grande amigo meu, 18 anos. Não nasceu na miséria nem cresceu rodeado de amigos delinquentes. Teve acesso a tudo o que a maioria de nós teve - educação, ambiente familiar e grupo de amigos saudáveis. Estuda neste momento na faculdade de Economia.
É BRANCO.

Pedro (nome fictício, porque não lhe perguntei o nome), 18 anos. Nasceu num bairro problemático, numa famíla que não lhe pôde dar a vida que merecia (porque é igual a nós). Cresceu rodeado de delinquência e rendeu-se ao facilitismo estúpido de ir roubar - e, um dia, rodeado do seu gang, assaltou-me a mim, ameaçando-me com uma faca.
É BRANCO.

Concretizei, justifiquei e exemplifiquei a frase: Delinquência não é efeito da raça. Não passem já ao parágrafo seguinte e pensem nisto durante uns minutos. Não sejam orgulhosos - quando começarem a perceber que "Olha, afinal estou estupidamente errado. Afinal o que este gajo e outros gajos dizem é verdade", não hesitem. Párem com o fundamentalismo e procurem novas formas de resolver este problema grave em Portugal.
Não sei mais que dizer.

Vá! Chacinem-me a mim porque, afinal de contas, tenho a pele bem escura (e mais escurinha ficou, agora que fui à praia), os olhos pretos e o nariz abatatado (de verdade). Devo estar, com certeza, num patamar intermédio. Podia ser um delinquente, mas felizmente não sou preto, sou só um morenaço.
O meu amigo Luís, esse, que é preto, pode dizer-se que teve muita sorte em não ter descambado para a delinquência.
Com certeza há algo genético nele de branco, que não o deixou ir roubar para as ruas. Ou, espera!, talvez tenha sido um factor sociológico - o ter crescido numa famíla (preta) que lhe proporcionou condições para ter uma vida boa.
Mas não é plausível, amigos, não é. É mesmo um factor genético, racial, e não sociológico, que faz alguém ser delinquente ou não.

Confesso que estou cansado. Estou em exames (eu, o Ivan e o Osvaldo - pretos, imigrantes angolano e moçambicano, respectivamente) e temos de nos esforçar para ter boas notas e passar o 1º ano na Faculdade de Direito. Não tenho muito mais tempo a perder, combatendo convicções risíveis.

Agora, se me dão licença, vou rapar o cabelo, tatuar "Morenos Power" no peito e meter a dita rolinha no ânus, que me pediram encarecidamente que metesse, vá-se lá saber porquê.

João Berhan"


JB

Introdução a um manifesto - a acção

Exemplos de comentários, ora xenofóbicos, ora racistas, a textos eles próprios xenofóbicos e racistas:

"Que eu saiba sou livre de estar numa praia do meu País sem ser roubada por 500 pretos!... Para mim a maior e mais importante liberdade é a liberdade de SEGURANÇA que é uma palavra que está a começar a desaparecer do dicionário português... por causa de pessoas como tu que defendem esta escumalha!"

"porra vêm paki ppl k os defende pk nunca foram fanados por eles ! abram os olhos ... em que mundo vivem ? deve ser num mundo cor de rosa, é k se for digamme onde é pa eu ir pa la tmb ..."

"O que há é direitos a mais! Hoje em dia há direitos para tudo! Já ganhei metade do que pago hoje em dia só de IRS! Mas pago, faço a minha parte como membro construtivo do meu País! Tenho o direito a não querer chulos e marginais estrangeiros ou Portugueses! (...) Os Portugueses terei de levar com eles, mas os estrangeiros, sejam chineses, romenos, pretos, ciganos tinham de ser recambiados para a terra deles! (...) Trabalho duro, suor e lágrimas é o que este País precisa! (e de uma grande limpeza também!!!)"

"arrastão ? assaltos pontuais ? agressores ? navalhas ? pistolas ? escórea ? o pessoal tá é maluco ... nem se quer pensem nisso porque se não são xenofobos ... não aconteceu nd ... é melhor assim."


"Não é questão de bons e maus. É questão de tendências. Todos estão de acordo em como os negros são mais extrovertidos e impulsivos. Ora, quem é mais extrovertido e impulsivo, é, frequentemente, mais agressivo."

"(...) E não é só em Portugal - é nos E.U.A., é no Brasil, é onde quer que haja grandes quantidades de negros."

"Volta Salazar...tás perdoado...aHHHHH desculpem queria dizer TORQUEMADA!!! Quanto ao Senhor auto intitulado "Chico esperto" João Berhan,digo-lhe para meter uma rolhinha no cú e ir fazer farinha para a Cova da Moura com esse palhaço e molenga do Sampaio...."


"(...) A cassete das «condições sociais e da educação», já está mais que desbaratada, mesmo que alguns lacaios a continuem, acefalamente, a repetir."

"Enfim, a mesma cassete mentecapta... os donos desta escumalha ensinaram-lhes bem o «pai nosso» e eles, quando estão perante os argumentos tentadores do «demónio», repetem a mesma merda, para ver se se conseguem isolar da realidade.
Ora bem: a criminalidade violenta de rua é cometida maioritariamente por negros. Cinquenta e sete por cento (57%; não é 40%, nem 52,34%, é 57%) dos presidiários são africanos.
A criminalidade das gangues subiu 400% (quatrocentos por cento) nos últimos sete anos.
Os imigrantes de leste não fazem isso; os imigrantes de África, fazem; os seus filhos, idem.
Os negros têm as costas quentes porque quando alguém os acusa, individualmente, de algo, ou não lhes faz a vontade, eles gritam «racismo!!», porque já perceberam que a Nova Inquisição anti-racista impôs a ideia de que o racismo é o pior dos crimes - e gritam «racismo!!» tal como os inquisidores de outrora gritavam «blasfémia!!»."

"Os negros são especialmente receptivos à propaganda de ódio racial veiculada pela sub-cultura afro-americana do rap.
Os negros são especialmente receptivos à mensagem de ressentimento que os seus país trouxeram das colónias.
Tenho de dizer isto assim, em jeito de telegrama, e só não faço um desenho porque aqui não é possível, mas é preciso desmascarar as aldrabices nojentas que certa gentalha infra-humana quer fazer passar.
Esses, nem sequer atingem a puberdade - e já foram há muito castrados.

Xenofilia, é mania.
Xenofilia de joelhos, é vergonha.
Vergonha é nojo."

"Berham: Já te pedi para que justifiques as tuas afirmações como:
«Delinquência não é um fenómeno racial, mas um fenómeno sociológico. Delinquência não é consequência da raça. Raça não é causa de delinquência.»
Se fazes afirmações que não consegues justificar, elas não têm valor nenhum."

"Eu queria essa pretalhada fora do meu Portugal!"

JB

Ups!

O Grande Botão Vermelho

não deseja ser perturbado...demais. Genial. BF

terça-feira, junho 21, 2005

A gasolina não se come

segunda-feira, junho 20, 2005

Fi-lo, Sofia! (IV)

Observávamos atentamente a professora, enquanto entregava os testes pela turma, no seu jeito oferecido de abanar as ancas entre as carteiras dos rapazes e com aqueles óculos que lhe davam pinta de secretária pêga:
- Aviso já que quem teve menos de 13 no ponto vai ter um teste surpresa!
- Que estupidez! - sussurrou a Teresa - Se a profe está a avisar não é um teste surpresa, dah!

- Podes crer, Dulce.

- Eu não me chamo Dulce, Sofia.
- E eu não me chamo André. Ainda por cima, uma surpresa é suposto ser uma coisa boa. Devia mas é chamar-se "teste fantasma".
- Totalmente! Esta nova professora é uma pêga.

- Pêga é pouco. Ela é mas é uma parva da pior espécie.
- Isso e pêga.
- Iá, e pêga.
- Pêga!

Fielmente Livremente interpretado dos episódios do Diário de Sofia, na RTP2. JB

Santo sossego

"Não sei se é sonho, se realidade,
Se uma mistura de sonho e vida,
Aquela terra de suavidade
Que na ilha extrema do Sul se olvida.
É a que ansiamos. Ali, Ali,
A vida é jovem e o amor sorri."



O brilho do sol na cara, os salpicos de mar esvoaçantes, a conversa solta, os sorrisos mais rasgados, a recreação parva. Que rico dia de praia hoje! BF

Viagens na Minha Terra (V)

"Cautela, Marlene! Foi neste exercício que o seu pai perdeu a vida!" JB

sábado, junho 18, 2005

"Portugal aos portugueses"


Liya Kebede

O meu manguito ao racismo. JB

"É vedado o acesso a quem:

c) penetrar nas áreas de acesso vedado." JB

sexta-feira, junho 17, 2005

Assistência social

quinta-feira, junho 16, 2005

Viagens na Minha Terra (IV)

"Antes assim que finalmente!" JB

When the livin' is easy

Um arrastão de suecas. JB

And now for something completely different

"O Bloco de Esquerda acusou hoje o líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Melo, de assumir uma posição “xenófoba e preconceituosa” sobre o incidente do fim-de-semana passado na praia de Carcavelos, ao propor alterações ao Código Penal"

Ana Drago não insultava ninguém há já algum tempo.
Para além disso, todos sabemos que a promessa de "um diploma sobre a idade a partir da qual se pode ser responsabilizado criminalmente" contém claríssimas referências rácicas. O melhor é mesmo não mexer mais no Código Penal, que ainda prejudicamos alguma comunidade.

Mais um momento ao bom estilo dragoniano. BF

quarta-feira, junho 15, 2005

Devassa imaculada

Benfica reforça equipa B

Para quem - como eu - pensava que as equipas B não passavam de meros "ferros-velhos" privados. BF

Boa companhia


Scarlett Johansson, em In Good Company

E que quentinha deve ser essa camisola. JB

terça-feira, junho 14, 2005

Michael Jackson absolvido

Ao que parece, o facto de viver em Neverland fez com que nunca atingisse a idade adulta, afastando-se assim as acusações de pedofilia. BF Link

Da série "Conspiro que me farto"

Vasco Gonçalves e Álvaro Cunhal. Santo António pretende instaurar uma ditadura do proletariado no paraíso. BF

segunda-feira, junho 13, 2005

Mike Tyson deixa o boxe

Se há coisa que não me deixava desprezar totalmente o boxe eram os combates dele. Um misto de Wrestling com Serviço de Urgências. Enterro hoje o meu gene sádico. BF Link

Hoje sonhei que

no Kuwait tinham nomeado uma mulher como ministra. BF Link

domingo, junho 12, 2005

Fi-lo, Sofia! (III)

Juntámo-nos no intervalo a seguir à aula de Matemática para discutir as propostas que íamos apresentar no Conselho Directivo: novos equipamentos para as salas de informática e audio-visuais, redes para as balizas do Pavilhão, um mapa de provas globais mais justo e folhados mais quentinhos no intervalo da manhã. A porca da Gisela decidiu ajavardar.
- E que tal propôr que o profe de Português dê aulas em tronco nu?
A proposta não conseguiu mais que a boa disposição do grupo e a aprovação de três raparigas bexigosas sedentas de sexo e do Nélson, O Homossexual. A minha irmã Mariana, que presidia à reunião, calou-os e começou a falar.
- Bem, todos sabem porque estamos aqui.
Silêncio na sala.
- Ninguém sabe porque estamos aqui?
Ninguém arriscou dizer nada. Olhei para o Rodrigão, O Alternativo. Estava a olhar para mim. Sorrimos, piscou-me o olho, cruzou os braços e voltou a prestar atenção à Mariana. Ele tinha acabado de me dar a deixa para uma ideia genial. Como era alternativo, amigo dos animais, fumava ganzas e até tinha rastas, de certeza que ia querer ir para a cama comigo depois do que eu ia dizer.
- Mariana, posso?
- Podes, Sofia.
Levantei-me e enchi-me de coragem.
- Bem, antes de mais, olá a todos.
- Olá, Sofia.
- Em primeiro lugar,
tenho um furúnculo na nalga esquerda.
- Põe Bepanthene.
- Em segundo lugar, proponho que se faça uma manif para salvar as árvores centenárias do pátio do liceu, que ouvi dizer que estão para ser abatidas para se construir um resort turístico no seu lugar. É uma vergonha, derivado a que as árvores são mais velhas que nós. Não temos o direito de lhes fazer isso! Penso que a camada do ozono é frágil e tem buracos, pois expelimos gases com CFC's para a atmosfera sem pensar nas consequências ao nível ambiental, nomeadamente o recuo dos glaciares e a destruição de espécies em vias de extinção. É cada vez mais necessária a intervenção das Organizações Não-Governamentais para, digamos assim, pôr cobro a esta situação.
A sala explodiu e levantou-se num aplauso. Sentia-me pequena, por momentos, no meio de tanta gente. Mas sentia-me bem! A minha irmã, no entanto, continuava sentada, a olhar para o lápis que segurava na mão.
- Então? Que te parece, Mariana?
- Não gosto da ideia. Eu sou uma mulher moderna, não vou muito nessas coisas de salvar as baleias.
- Duh! Não são baleias, são árvores centenárias,
Jorge.
- Eu não me chamo Jorge.
- Desculpa, Ricardo.
- Também não me...
- Aí vai o ganso!
- O quê?
- O ganso!
- Ah, o ganso. Aí vai o ganso!

Naquela noite dormi com o Rodrigão.


Fielmente Livremente interpretado dos episódios do Diário de Sofia, na RTP2. JB

Nenhum ponto negro (V)


Karolina Kurkova
JB

Jardim à beira-mar plantado



Optei por não comentar as recentes declarações do Alberto João. Deixo isso para os filhos da puta do continente, para não os chamar b*******s. JB

sábado, junho 11, 2005

Mal entendido

"Concentração de 50 jovens cria susto"

Pergunto-me porquê. Que de anormal têm 50 jovens chegados ao Algarve de uma camioneta directa da Cova da Moura concentrados ao meio-dia no paredão junto à praia após uma rave numa discoteca de Albufeira? Quem nos garante que não estavam ali para degustar sorvetes de limão a ouvir Marvin Gaye à beira-mar? Ou era este, quem sabe, o ponto de encontro marcado para irem ao hipódromo de Albufeira apostar em cavalos?

"Um militar da GNR foi agredido quando tentava identificar um elemento do grupo. (...) O militar agredido apenas sofreu ferimentos ligeiros, tendo ficado com a farda danificada."

Tudo não passou de um mal entendido. O grupo de jovens, cientes de que a tendência para este Verão é o revivalismo-punk dos anos 80, queria apenas dar um look mais in à farda do agente da autoridade. O elemento sado-masoquista gay do grupo não responde pelas agressões. JB

sexta-feira, junho 10, 2005

Capítulo a capítulo

"U.S. Has 'Credible' Word of Syrian Plot to Kill Lebanese Leaders"

Sempre achei que as informações secretas o eram e que era para tratar delas que os Serviços de Informação existiam. But then again, informação politicamente útil, informação entregue aos media.

A isto se chama moldar a opinião pública. Ainda que esta ameaça se concretize.

Não perca o próximo episódio, poque nós...também não! BF

Quero uma estrelinha só para mim!

"Jorge Sampaio atribui 59 condecorações no 10 de Junho em Guimarães"

E eu a pensar que aquela fila na A1 era por causa do fim-de-semana prolongado.
Pensem nisto como um estímulo ao sector metalúrgico e têxtil vimaranense. Bem vistas as coisas, a encomenda de tanta estrelinha ainda deve ter mantido alguns postos de trabalho. BF

quinta-feira, junho 09, 2005

"Liberdade"

Ai que prazer
Ter 2500 páginas para estudar
E não o fazer!
FP/BF

Coisas que melhoram algumas vidas

Viajar no 38 em hora de ponta, 38ºC lá fora e nenhuma agulha a bulir, o condutor nervoso do cansaço, soltando impropérios e insultando progenitoras alheias pela janela e buzinando, buzinando, buzinando aos carros que passam e a tudo o que se mova. Eu ensanduichado entre a comadre e seus sacos cheios de tupperwares e o compadre de cheiro a homem, o meu nariz nas suas axilas, sentindo caneladas e pisadelas (algumas propositadas, porque levo a guitarra às costas). "Vai sair?" - não, não ia sair - "Então com licença!" e uma carga de ombro. "Abra aqui atrás, faz favor!", "Até amanhã, se Deus quiser!" e "A culpa é do Santana!".
Mas finalmente, por meros segundos apenas, como que num castigo que não mereço ou numa obra perversa dos deuses, passar frente ao portão de saída do liceu Pedro Nunes, onde a vida é mais fácil e tudo é mais simples e fresco do que é dentro do autocarro, e ficar olhando, olhando, olhando pela janela para as peles queimadas, os decotes e os chinelos no pé, até dobrar a esquina, acordar, virar-me para a frente e massajar o pescoço.
"Saio aqui, se não se importa, deixava-me sair pela frente."
"Isso é que eu já não sei, amigo..." JB

quarta-feira, junho 08, 2005

A Europa vista do Faroeste

"There is a nice variant of one of Aesop's Fables which goes like this. A tiny frog shares a field with a giant ox. The frog tries to get the ox's attention by puffing himself up. The ox fails to notice the frog. The frog puffs himself up some more. The ox continues not to notice him. The frog finally puffs himself up so much that he explodes. But the ox still doesn't notice him."

É uma visão bonita, se tivermos em conta que a rã é a Europa e o boi os Estados Unidos e que tudo isto culminou numa crise europeia. Ninguém como o sr. Esopo para analisar o panorama político internacional. Alteraria apenas a última frase - "But the ox still pretends not to notice him". BF

Ver aqui o artigo acompanhado de um desenho todo giro.

Antes de mais, EU acho que....

As boas ideias espalham-se que nem eucaliptos.

Qualquer dia, ouviremos o Presidente Bush responder aos jornalistas:
- Bem, relativamente à sua questão sobre a nossa futura política externa, sabe que eu por mim já tinha feito uns Estados Unidos do Médio Oriente daquela bandalheira, mas a posição dos E.U.A. é coerente e tem seguido uma linha de combate pela liberdade e de devolução gradual do poder ao povo na região.

É toda uma nova escola, tendo por autoritate máxima o Prof. Freitas do Amaral. A representação do Estado que se dane. Afinal, eles também são pessoas. Censura de opinião é que não! BF

"Levas agasalho?" (IV)


Heidi Klum

À minha mãe. JB

terça-feira, junho 07, 2005

Fé no precipício

É ingénua e estupidamente reconfortante ver o Manuel Pinho numa conversa amena com Maria João Avillez sobre o "futuro risonho" da economia portuguesa, uma semana depois de ter pesadelos por ter visto nos Negócios da Semana o Medina Carreira prever o Fim dos Tempos. JB

Fi-lo, Sofia! (II)

O meu irmão Carlão chegou tarde a casa, estávamos já a comer o rolo de carne. Sentou-se à mesa connosco, sorridente e ofegante. Lancei um olhar confidente à minha mãe e à minha irmã, como que a perguntar-lhes se estavam a ver o mesmo que eu. Ele estava apaixonado!
- Tudo bem,
Carlão?
- Como te correu o dia, Carlão?

- Serve-te de rolo de carne, Carlão!
Olhou para nós de lado, desconfiado.
- Tens novidades, Carlão?
- A Faculdade está na mesma, Carlão?
- E salada, Carlão?
Serviu-se de rolo de carne e de salada e começou a comer, de cabeça baixa. Nós as três continuávamos a olhar para ele, a tentar tirar alguma conclusão dos seus gestos. Havia rapariga metida ao barulho, tínhamos a certeza.
- Conheceste alguém hoje, Carlão?
- Fizeste amigos novos, Carlão?
- Há beterraba na parte de cima do frigorífico, se quiseres, Carlão.
Nada. Ele não cedia.
- Se calhar uma amiga...
- Chega! - gritou.
Ia contar...

- Sim, conheci alguém, estão contentes agora? Na verdade, já nos conhecemos há algum tempo, mas só recentemente nos começámos a dar melhor. Há imensa quimica entre nós. Dizemos sempre as coisas certas na altura certa. Não sei ainda o que temos, o que há entre nós. Só sei que é tudo tão perfeito... É uma pessoa espectacular. Divertida, sempre a contar piadas e a pôr-me bem disposto, mas ao mesmo tempo bestialmente querida, carinhosa. Adora desporto, como eu! Além do mais tem uns olhos lindíssimos, verdes e profundos, e a pele morena. Acho que estou apaixonado...
- Isso é espectacular, Carlão!
- Ah, Carlão valente!
- Cous-cous, Carlão?
Estava tão contente! A primeira namorada do meu irmão mais velho... Finalmente, tinha largado os livros por um bocado e começado a viver!
- Como é que se chama?
- Beatriz.
- Laura? Adoro o nome Laura.
- Não. Chama-se Beatriz. E é um homem.
Silêncio à mesa.
- Tens a certeza?
- Não.
- Então vê lá isso, Gustavo.
- Eu não me chamo Gustavo.
- Desculpa, Carlão.

Fielmente Livremente interpretado dos episódios do Diário de Sofia, na RTP2. JB
Desde que há sensivelmente um mês atrás decidiu contabilizar o número de pessoas que o vêem, o Pontos Negros chegou hoje às suas 1000 visitas. Bem-haja aos amigos do Fernandes, do Berhan e do Rivotti, às famílias Fernandes, Berhan e Rivotti, aos amigos das famílias Fernandes, Berhan e Rivotti, aos 27 chimpanzés que mantemos acorrentados ao computador e ligados à net e a todos os que tornaram este número redondo possível.
Mil visitas num mês sempre são mil visitas num mês. E vice-versa.
"Hoje somos muitos..."

segunda-feira, junho 06, 2005

Fi-lo, Sofia!

Na discoteca, a abanarem arrojadamente as articulações e a gritarem ao ouvido um do outro, alheios ao facto de a música ser música-ambiente:
- Sabes o que é que me apetecia agora, Sofia?
- O que é que te apetecia agora, Amadeu?
- Um bom banho de mar!
- O quê? Não te ouço! A música está muito alta!
- Um bom banho de mar! Apetecia-me tomar um bom banho de mar.
- Agora?! Estás louco!
- Porquê? Nunca tomaste um bom banho de mar à noite?
- Deve estar um frio de rachar lá fora!
- Não. Antes pelo contrário! Tens de experimentar tomar um bom banho de mar, é uma sensação espectacular!
- A sério? Não sei...
- Proponho que vamos tomar um bom banho de mar amanhã à noite, eu e tu. Que me dizes?
- Não sei. É uma proposta arrojada! Tenho de pensar melhor.
- Então fica aqui a pensar, que eu vou buscar uma bebida. Queres que te traga alguma coisa?
- Está bem, João.
- Eu não me chamo João.
-Desculpa, Amadeu.
Fura até ao balcão e faz a sinaléctica ao barman:
- Duas colas, por favor!
- Só temos laranjada.
- Seja! Duas laranjadas, por favor!

Fielmente Livremente interpretado dos episódios do Diário de Sofia, na RTP2. JB

domingo, junho 05, 2005

Reminiscências


Sophie Marceau
Andava a rever os cadernos de turma do liceu quando a reencontrei. BF

sábado, junho 04, 2005

Drosophila Melanogaster

Vi aqui que alguns cientistas descobriram o gene que controla os comportamentos sexuais numa mosca, que tem um genoma muito semelhante ao do ser humano. (nada como um biólogo para minimizar a raça humana).
Após algumas manipulações genéticas, os cientistas conseguiram provocar mudanças no comportamento sexual das moscas. Estas alterações radicais de comportamento, que se deram independentemente do sexo, geraram uma reorientação total na distribuição dos papéis sociais. Os cientistas estão convencidos de que o mesmo se pode passar com os seres humanos e preparam já uma nova investigação nesse sentido.

Em prol da decência e do bom-gosto, CDS-PP e PPM uniram-se à causa. Ao que parece, os cheques já foram enviados. BF

Viva os noivos!

"Syria Denies Test-Firing of 3 Scud Missiles

Syria's information minister on Saturday denied Israeli claims that his country test-fired Scud missiles on May 27, calling the accusations an "expression of Israel's hostile intentions". American officials have confirmed the Israeli account."

O anel foi entregue e as palavras de cerimónia trocadas. Agora é só esperar pelo You may kiss the bride vindo da ONU. BF

sexta-feira, junho 03, 2005

Assassinato de carácter

Sócrates denunciou hoje uma campanha de "assassinato de carácter" contra o seu ministro das Finanças.

É uma escalada de violência, a que assistimos contra o bebé da encubadora.
Trocam-se as vozes, mantém-se os desenhos animados. BF

Hoje sonhei que

o ministro das Finanças, aka Captain America contra os Privilégios Injustificados, acumulava uma reforma de 8.000 euros ao seu ordenado de ministro. BF

quinta-feira, junho 02, 2005

Úlcera

"liiiiiiiiiindahhhhhhhhhhh xoh mxmuh pa deiixar um gandxiii beiijuhhhhh ii diizer q goxtuh mtuh dxii xii!! eh uma niinah xiincuh xtreliinhax com quem adoruh mxmuh falar.. adoruh tar cnsg.. apesar de ag.... nunca maiix nuhx encontrahmuhx.. eh iindexentiii!! ;) bem.. max iixuh vaii mudar!! uh q nauh podxii mudar eh exa maneiira de xer.. exe xorriisuh.. exa xiimpatiia.. eh xiimplxmente uniica!! ii biigahda pluh txtemunhuh.. =) dowuh.ahhh!!"

Descobri a raiz dos meus espasmos estomacais crónicos. BF

"Levas agasalho?" (III)


Natalia Vodianova

À minha mãe. JB

Viagens na Minha Terra (III)

"Ai, Sr. Doutor! Que bom este ventinho nas tetas!" JB

Viagens na Minha Terra (II)

"Está-se bem no campo, Adelaide!" JB

Viagens na Minha Terra

"Meu rico filho Zé Augusto!" JB

quarta-feira, junho 01, 2005

Dia Mundial da Criança por Nascer

O CDS-PP propôs hoje a criação do Dia-Mundial-da-Criança-por-Nascer. A sério.

Eu proponho ainda, na mesma linha, o Dia-Mundial-da-Concepção-da-Criança e o Dia-Mundial-Desse-Belo-Momento-que-é-o-Nascimento-da-Criança.

Ou é para sensibilizar a opinião pública relativamente "à vida humana e intra-uterina" ou não é. Iniciativas tímidas é que não. BF

Confiança

"American Consumer Confidence Rebounds After Decline"

Já percebi onde é que José Sócrates vai buscar a "confiança" absolutamente necessária ao crescimento económico, agora que o Benfica voltou a desiludir: importação.

Em boa verdade, não é algo a que não estejamos habituados. BF