quinta-feira, abril 27, 2006

Purple Haze


Ana Beatriz Barros

JB

quarta-feira, abril 26, 2006

A Estatística Relativa

"Portugal tem das menores taxas de suicídio da Europa"

vs.

"Estradas: 91% dos acidentes mortais deveram-se a erro humano"

No fundo, tudo se resume a uma questão de criatividade. E nós somos pouco criativos. BF

terça-feira, abril 25, 2006

O Príncipe

Um dos remédios mais certos contra as conjuras é não ser odiado nem desprezado pelos populares - Maquiavel

Era difícil, diria mesmo tramadinho, mas o facto é que Cavaco conseguiu arranjar um tema para primeiro discurso praticamente à prova de críticas.
Bem vistas as coisas, quem é que quer desdizer uma apologia da inclusão social? BF

Psico-Ornitologia
(ou Ensaio sobre a depressão)

O que é que nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?

Se a galinha for a depressão e o ovo o motivo pelo qual estamos deprimidos, um indivíduo deprimido, por não saber já porque carga de água está deprimido, diria que foi a galinha que nasceu primeiro. Mas se forem vários os ovos ou se o ovo for muito grande (tipo de avestruz) é normal que a galinha venha depois do ovo, e geralmente só damos pela galinha (tão grande que parece uma avestruz) quando ela já cá está, sem sequer perceber de que ovo nasceu. Acabamos por pensar, então, que foi a galinha que nasceu primeiro, quando na verdade a galinha nasceu de um ovo.
Uma vez que tenhamos uma galinha, é muito fácil acreditarmos que ela é uma grande parideira e que todos os ovos que encontramos foram postos por ela. Enfim, só seremos felizes quando estrelarmos os nossos ovos antes de deles nascer uma galinha.

A carreira de ornito-psicólogo passou-me ao lado. JB

Marketing é com o Sandro

A pastelaria "Sandro 2000", aqui ao pé de minha casa, já existe desde mil nove e carquejas. Imagino o arrojo de Sandro, o pasteleiro, quando num exaustivo brainstorming acabou por escolher o nome que lhe pareceu mais adequado a um lanchinho agradável. Mas, pergunto-me, que terá pensado Sandro quando deu por si e estava já no novo milénio? Teria desaparecido aí toda a condição existencial do seu estabelecimento?
A pastelaria ainda lá está (e o toldo publicitado pelos cafés Delta continua a exibir orgulhosamente as duas ostensivas palavras), pelo que depreendo que se trate de uma mudança de estratégia. Se dantes via ali laivos futuristas em jeito de "2001, Odisseia no Espaço", sinto agora uma profunda nostalgia, do tempo em que Portugal ainda não estava oficialmente de tanga e o Abel Xavier ainda não jogava críquete. JB

sexta-feira, abril 21, 2006

Experimentalismos

"Falta de oxigénio na água pode provocar mudanças sexuais nos peixes."

Há gente estranha. E depois há aqueles cientistas que insistem em levar o seu voyeurismo geek para o local de trabalho. BF

quinta-feira, abril 20, 2006

Êxodo urbano

"A rainha Isabel II vai tornar o Castelo de Windsor na sua residência oficial, depois de várias décadas a viver no Palácio de Buckingham."

Vivia um tanto ou quanto apertada no centro. JB

Sabia Que...

"Bin Laden está na fronteira paquistano-afegã" ?

Mais coisa, menos coisa... BF

quarta-feira, abril 19, 2006

Ah, o Socialismo!

"José Sócrates pediu à bancada do PS medidas contra as faltas no Parlamento"

Esta foi a solução encontrada pela bancada do PS:

"Bancada socialista propõe menos sessões plenárias por semana"

Ao que acrescentou:

- É que parecendo que não, isto já nos anda a ocupar muito tempo.

BF

quinta-feira, abril 13, 2006

Japonês para Principiantes - Lição nº 2


Kyoko Fukada

Watashi no namae ha Raul desu soshite watashi no kami ha bulondo - O meu nome é Raúl e sou loira.

(sendo que watashi no significa "o meu", ha "é", soshite "e", kami "cabelo" e bulondo "loira")

BF

segunda-feira, abril 10, 2006

A Relatividade (ou Post sobre um Par de Meias)

Percorria os olhos por uma banca de feira alentejana, quando me saltaram à vista. "Meias medicinais" diziam as gordas. Fascinado com as possibilidades terapêuticas de um par de peúgas, não hesitei em comprar, não me fossem aliviar das dores podais que uma longa caminhada me tinha proporcionado. Era bom demais para ser verdade.
Umas horas mais tarde, ainda numa alegria infantil, preocupei-me em adivinhar as maravilhas de que os meus pés iriam ser alvo. Imaginava as coisas mais etéreas. Suavidade. Leveza. Tranquilidade. Uma paz tibetana, levitante num ambiente branco de Himalaias, era tudo o que desejava para os meus pés nesse momento.
Acordei, por fim, com um golo da equipa adversária. Era mau demais para ser verdade. Decidido a distrair-me, desviei o olhar para a aquisição do dia. Já era tempo de saber ao certo o que é que aquelas meias podiam fazer por mim. A descrição do produto era qualquer coisa como isto: "...desse modo, a ausência de pressão na zona canelar alivia as dores musculares e deixa o sangue circular livremente, contribuindo para um andar mais relaxado e descontraído. Certificada pelo...".
Confesso que fiquei um pouco desnorteado quando me dei conta de que toda aquela excitação tinha tido por base umas meias sem elástico. Mais tarde ainda me chamaram a atenção para o engenho necessário a que as mesmas não caíssem moles sobre os sapatos, facto que achei digno de nota, mas as expectativas estavam já completamente goradas.
Pu-las, de castigo, na mesma gaveta das outras. BF

O Homem-Negativo

"Irão: Bush diz que pode não ser necessário uso da força"

E acrescentou:

- Estou a fazer tudo ao meu alcance para que esta situação só ocorra em último caso. Se tudo correr bem há mesmo guerra.

BF

domingo, abril 09, 2006

O João já não mora aqui

Vou ali a Roma e já cá venho. JB

"Levas agasalho para Roma?"


Heidi Klum

À minha mãe. JB

Enxaqueca

Há noites em que um gajo percebe que devia estar a fazer tudo menos o que está de facto a fazer. Sentado à frente do ecrân, focava os olhos com dificuldade e acabava meia tablete de ben-ur-ons enquanto escrevia a primeira palavra de um texto sobre nada. Com um sinal sonoro que muito me irrita, o único homem que conheço que partilha comigo a feminina condição clínica da enxaqueca acabara de entrar no messenger.
- Meu maricas, o ben-ur-on resulta contigo?
- Nem o avamigran me faz alguma coisa, seu roto!
Ali ficámos um bom tempo a falar de paracetamol e medicamentos em geral.
- Apetecia-me escrever sobre muita coisa. Escrever sobre aqueles rabunças alarves e bacocos da Associação Académica, escrever sobre a ninharia que seriam os hipotéticos 19 000 mortos em caso de pandemia da gripe das aves em Portugal, comparando com os acidentes na estrada, escrever sobre a intenção dos americanos de bombardear com armas químicas o Irão, sob o pretexto da esperança da insurreição dos povos árabes contra o seu próprio fundamentalismo, escrever sobre os 150 litros de álcool que bebemos por ano, o equivalente a uma imperial de 33cl por dia, mais coisa menos coisa. Apetecia-me até escrever sobre a reorganização administrativa do Estado.
Ao reler o que tinha escrito, percebi que nada daquilo me excitava por aí além. Massajei as têmporas e fiz um esforço final.
- Sabes? Queria, acima de tudo, escrever sobre amanhã já não estar aqui.
Carreguei no enter. Um minuto depois veio a resposta.
- Escreve isso.
- Não, vou pôr uma miúda de biquini.

JB

sábado, abril 08, 2006

Formalidades

"Governos de Portugal e de Angola vão ter encontros regulares"

Não sei como é relativamente aos governos, mas aqui ao nível do cidadão comum acho que são suficientemente regulares os encontros com cidadãos angolanos noctívagos que tenho quando chego a casa um pouco mais tarde. BF

sábado, abril 01, 2006

Cabeça de lista

Lembro-me de pouca coisa da minha vida, mas se há dia de que não me esqueço é o dia em que ganhei consciência política. Devia ter os meus felizes 10 anos. Cheguei a casa a correr (corria muito naquela altura) e a alargar os suspensórios que me magoavam no pescoço.
- Mãe, Pai! A Carolina pergunta se podemos ir à praia!
Os meus pais não me ligaram muito, estavam atentos às notícias. Ouvi uma jornalista a falar na televisão de uns tais de "cabeça de lista", uns senhores muito irritados que gritavam muito para muitas pessoas que lhes batiam muitas palmas quando eles já estavam muito cansados e com as mangas arregaçadas e a suar muito da testa. Desapertei os suspensórios, peguei numas páginas amarelas de ao pé do telefone, equilibrei-as na cabeça e pus-me à frente da televisão.
- Mãe, Pai! Sou cabeça de lista!
Os meus pais desataram a rir. Tirei a lista da cabeça e fiquei a observá-los, curioso. Estava contente, era a primeira vez que os via chorar a rir com uma piada minha. A dado momento deixaram de rir, mas continuaram a chorar. JB