quarta-feira, abril 27, 2005

Volto tarde


Christina Ricci

"You don't have to feel uptight/ or make a wish with all your might/ just think of me and shut the lights/ I'll be deep inside your dreams tonight." - Lisa Ekdahl

BF

segunda-feira, abril 25, 2005

Pudim Predilecto

Mais valia não se terem lembrado dessa ideia de revolução, se era para deixarmos de ter anúncios destes:

"- Oh Quim! Tira a mão do pudim!
- É o tiras, Anacleto! Este é o Predilecto!"
JB

sábado, abril 23, 2005

Nenhum ponto negro


Adriana Lima
JB

quarta-feira, abril 20, 2005

Redondamente trafulha (II)

Em virtude do que escrevi no post anterior, aqui fica uma oportuna proposta de revisão constitucional:

Artigo 110.º
(Órgãos de soberania)

1. São órgãos de soberania o Presidente da República, a Assembleia da República, o Governo, os Tribunais e o Major Valentim Loureiro.

Qual referendo ao aborto, qual Constituição Europeia?!
Vou ali ao Parlamento e já cá venho. JB

Redondamente trafulha

Estou mais descansadinho. Fiquei a saber que são “redondamente mentira” as acusações feitas pela juíza do processo “Apito Dourado” relativas ao alegado (como adoro esta palavra!) envolvimento de Major & Filho em casos de corrupção.

“Quero afirmar de forma peremptória que não tenho conhecimento de ser arguido no processo designado Apito Dourado”. (O processo é “designado Apito Dourado” e não simplesmente “Apito Dourado” porque é uma realidade estranha ao Major. “Apito Dourado? Já ouvi falar...”)

Depois de ter dito “Vou cumprir religiosamente o que a Sra. Juíza determinou. (...) Dos vários cargos que tenho, suspendeu-me de dois deles: Presidente da Liga de Clubes e Presidente da Empresa Metro do Porto. (...) Repito, suspendeu-me, não me demitiu!” e, dessa forma, ter-nos ensinado que afinal os tribunais também podem demitir alguém, o Sr. Valentim decidiu voltar a tocar no assunto dos seus vários cargos, lembrando que “se não houver despacho de acusação por parte do Ministério Público, as medidas de coacção de suspensão do exercício das minhas funções vão ao ar. Ficarei muito triste se isso acontecer, porque as pessoas vão dizer que volto às minhas antigas funções, não porque o tribunal o tivesse decidido, mas porque deixou arrastar as coisas e elas vão ao ar por caducidade.”
Em primeiro lugar, é giro descobrir o masoquismo no Major, quando fica muito triste que o Ministério Público se esqueça dele. Por outro lado, é interessante ver como se junta ir ao ar e caducidade na mesma frase.

Houve ainda tempo para o Major, como que numa reminiscência dos seus tempos de criança, quando acusava o mano de também não lavar os dentes e fazer xixi antes de ir para a cama, tentar desviar o assunto com um silogismo categórico rebuscado: “Quando um processo está em inquérito e em segredo de justiça, ninguém pode falar do conteúdo desse processo, e se o Expresso diz que é uma fonte judicial que lhe dá conhecimento do despacho da juíza, então alguém está a violar o segredo de justiça, e será uma fonte judicial.”



O Major é o maior! JB

Árbitros e vinho verde

Jorge Nuno e Seus Capangas não têm emenda! Sempre os mesmos, esses foliões! A mim ninguém me tira da cabeça que, afinal, os “presentes” oferecidos aos árbitros foram realmente provas de genuína filantropia. “Contrapartidas no terreno desportivo”?! Ora essa... temos de ser uns para os outros.
Paródia, rambóia e cowboyada, que fartote! Enfim, se estão divertidos, deixá-los estar!

Gente fina é outra coisa. JB

Palpites (II)

Como responderiam à pergunta (com rasteira) "Acha que há corrupção no futebol?", se fossem abordados na rua? Os transeuntes desembaraçaram-se com facilidade:

A estudante informada, com o trabalho de casa feito, disse: “Acredito que sim. Um dos exemplos é a história do Apito Dourado. A Justiça tem de ser aplicada aos futebolistas como a qualquer cidadão comum”.
A funcionária pública, apanhada desprevenida, é corriqueira na sua resposta sincera: “Sim, aquilo que tem vindo a público indica que há corrupção. (...) A verdade é como o azeite, que vem sempre ao de cima.”

De novo uma pergunta exemplar nos "Palpites" do Metro para fazer pensar os portugueses, que não estão habituados a isso. E de novo os portugueses estiveram à altura. JB

terça-feira, abril 19, 2005

A vida nas novelas

A vida é simples nas novelas.

Lá, nas novelas, faz sempre sol. Nas novelas as aulas acabam sempre de manhã e há sempre uma luz quente a espreitar pelas palmeiras do liceu, a convidar alunos e professores para um mergulho na piscina. Há sempre tempo para a diversão, é sempre tempo de festejar.

Nas novelas não se estuda, queixa-se de que se tem de estudar. Os professores são pouco mais velhos que os alunos e as aulas duram geralmente 2 minutos.

Nas novelas cada um sabe o seu papel. Há os principais, à volta dos quais tudo gira, e os secundários.
Os secundários não se metem na vida dos principais, porque sabem que são secundários, e os principais são seus amigos por isso. Apesar de atraentes, serão sempre secundários. (Eu gostava de ser um secundário – a vida do secundário é mais simples e tosca. Se fosse secundário viveria de pequenos momentos, tornava-os grandes e seria feliz!)
Os principais, esses, são menos lineares.
A rapariga principal é gira, mas não o percebe. No seu jeito desengonçado, está sempre perfeita e tem sempre um sorriso nos lábios. Está sempre lá, onde quer que sejá “lá”, pronta para ouvir as histórias da melhor amiga (melhor amiga porque é secundária e sabe que é secundária), apesar da vida que a espera em casa. A sua família é pobre, mas nunca lhe falta sumo de laranja ao pequeno almoço. A casa tem cores alegres e fotografias felizes e o sol entra sempre pela janela.
O rapaz principal é giro – e sabe-o. Confiante e sorridente, passa por todos, vê-os a todos, mas finge não ver ninguém, porque sabe que fica mais giro assim. Olha para todos e não vê ninguém. Tem pais ricos com trabalhos importantes e vidas atarefadas (tão atarefadas que nem tempo têm de tomar o pequeno almoço com a família). Apoiam-no em tudo e nunca estão em casa – e no entanto não percebem em que é que erraram.

Nas novelas há os bons e há os maus. Os bons ganham e os maus perdem. Uns maus tornam-se bons – porque aprenderam que não compensa ser mau. Outros não – e emigram.

Nas novelas as histórias de amor são previsíveis, logo, perfeitas. O rapaz, apaixonado pela rapariga, convida-a para um sorvete à noite. Ela fala e ele ouve-a, porque a adora; ele fala e ela ri-se, porque ele tem piada. Atrapalham-se a falar, dizem coisas espontâneas ao mesmo tempo e descobrem que têm tudo em comum. Se começar uma tempestade tropical, é fácil, há sempre um abrigo – vá, o carro do rapaz, ali ao lado. Encharcados e a tremer de frio, tiram a roupa e beijam-se até os vidros do carro embaciarem.
Se o rapaz tiver uma banda tem o trabalho facilitado. No concerto, canta a música dela, para ela, olhando para ela, e ela apaixona-se.

A vida é perfeita nas novelas!
Mas uma vida perfeita como a vida nas novelas era uma perfeita merda de vida. JB

segunda-feira, abril 18, 2005

No conclave

Dos 115 cardeais que estão reunidos em conclave para a eleição do novo Papa, 83 usam óculos.

(Esta foi uma curiosidade profundamente estúpida, pela qual peço desculpa). JB

domingo, abril 17, 2005

Oliveira da Serra em 4 tempos


Acto I

(Ao abrir o pano a cena resplandece de luz. O chefe Vítor Sobral dá os últimos retoques nos ingredientes, na bancada da sua cozinha mediterrânica. O realizador toma o seu lugar atrás da câmara. A contagem decrescente inicia-se. 3...2...1. Entrou para o ar.)

CHEFE
Olá! Hoje trago-lhes um sabor bem português. Perna de borrego do alto Alentejo com grão e enchidos. (sorri)
Primeiro escaldam-se, fatiam-se e reservam-se os enchidos.
No tacho aloura-se o alho e a cebola, adiciona-se o borrego, previamente temperado com sal, pimenta, cravinho e colorau, junta-se vinho branco e deixa-se suar um pouco.
Acrescenta-se a água da cozedura e algum grão cozido ao preparado. Assim que a carne estiver cozida, leva-se ao forno a alourar e tritura-se o resultado final.
...
REALIZADOR
(sussurra)
O azeite…
CHEFE
(sussurra)
O azeite?
REALIZADOR
(ainda em sussurro)
O azeite!
CHEFE
(fala alto e leva a mão à testa num gesto rápido)
O azeite!
REALIZADOR
Corta!
CHEFE
Porra…
BF

segunda-feira, abril 11, 2005

Palpites

Na ressaca de um Inverno exageradamente seco, o inevitável tema de conversa nos transportes públicos foi a água – ou a falta dela. Mas pelos vistos não bastaram as dissertações das comadres do autocarro, tinha de vir isto também:

À pertinente pergunta "Costuma beber muita água?", feita na coluna "Palpites" do jornal de distribuição diária e gratuita de referência, o Metro, deliciamo-nos com respostas destas, incisivas e consistentes:

"De facto, não consumo muita água. Penso que devia beber mais, pois a água é um bem essencial, não só para nós mas também para os animais e as plantas."
"Não bebo água com a regularidade que devia. Penso que os médicos já alertaram para a importância de beber mais água. Eu sou uma pessoa que perde muitas calorias, portanto devia repor os líquidos."

Se a água é o petróleo do séc. XXI, os portugueses são fonte de energia renovável de palpites.
Vale a pena viver em Portugal. JB

Amén

De igual modo, no fim de ceia, tomou o cálice e deu-o aos seus discípulos, dizendo:

“A via de trânsito é a faixa longitudinal que permite a formação de uma fila de trânsito.”

Código da Estrada: teorizar o que não é teorizável. JB

domingo, abril 10, 2005

Desafios Golden Grahams

Estou sinceramente fascinado - para não dizer perigosamente excitado - com o que vejo nas embalagens de Golden Grahams. Em vez de jogos estúpidos, brindes inúteis ou brinquedos de fácil ingestão, a Nestlé sugere agora aos petizes os "Desafios Golden Grahams". É, no âmbito dos jogos inventados por marcas de cereais, talvez o mais estimulante. A ideia não é original: o jogo é como que uma reminiscência do "Verdade ou Consequência?". Há cartas de jogo (que devem ser recortadas da embalagem "com uma tesoura de pontas redondas e a ajuda de um adulto") com uma pergunta e um desafio cada (a verdade e a consequência dos meu tempos, respectivamente).

Os desafios que me saltam à vista:

"Senta-te ao colo da pessoa sentada à tua esquerda até jogares de novo" – este é talvez o mais ousado, de maior cariz sexual, a seguir ao "Faz uma declaração de amor a uma pessoa à tua escolha – essa declaração tem de incluir a palavra Golden Grahams".
Depois há aqueles desafios ousados, como “Soletra analfabeto ao contrário e muito depressa", "Canta a tua música preferida com a boca cheia de cereais Golden Grahams", "Apresenta-te (diz o teu nome, idade, o que fazes, onde vives...) dizendo Golden Grahams entre cada palavra" ou ainda "Envia o seguinte SMS ao teu pior inimigo: Saímos este Sábado?"

A pergunta que é capaz de deixar complexos irreversíveis no adolescente:

“Que parte do teu corpo gostavas de mudar?”.
Pergunto-me que influência teve a Corporación Dermoestética nos “Desafios Golden Grahams”. Não encontro resposta. Até porque a pergunta é estúpida.

Fui uma criança infeliz. Teria certamente jogado muito mais vezes ao "Verdade ou Consequência?" se os Golden Grahams se tivessem lembrado disto mais cedo! De qualquer maneira, já pedi aos meus pais que me ajudassem a recortar as cartas com uma tesoura de pontas arredondadas.
Vou telefonar aos meus amigos e amigas para uma festa das 3 às 7 em minha casa. JB

Doce ilusão

Era desta! Tinha a certeza de que isto de ter uma fotografia minha no blog seria um valente piscar de olho ao eleitorado feminino. Se a minha vida amorosa nunca mais ia ser a mesma, a minha vida sexual ia parecer saída de um episódio do "Sexo e a Cidade".

Descobri, no entanto, que pareço saído de um anúncio da Mokambo.
Um sincero bem haja à minha irmã por me chamar para a realidade. JB

sexta-feira, abril 08, 2005

Eureka!

Vejo numa notícia do “Público” que o Governo da Etiópia pretende levar a Internet a todo o país num prazo de três anos como forma de combater a pobreza…hmmmm…É isso! Internet! É essa a solução!
Como é que ainda não se tinham lembrado disto?!
Agora tudo faz sentido. Se repararem bem há Internet em todos os países ricos. Acham que é coincidência? É precisamente por eles terem Internet que têm uma riqueza per capita que lhes permite satisfazer as necessidades básicas da população. Ela é a causa de todo o bem-estar!
Agora sim, consigo seguir o raciocínio do Primeiro-Ministro Etíope: Se conseguirmos levar um computador com Internet a todas as terriolas etíopes, o solo fica mais fértil, a terra dá os seus frutos e os meninos que aparecem com cara de frete na televisão terão um sorriso a ilustrar a alegria etíope, vista somente, até agora, no fim de algumas maratonas.
Querem plano de crescimento económico mais simples?
Tudo é perceptível, agora que vemos o mundo por este prisma! Por exemplo, percebi finalmente a ideia do choque tecnológico que tanto vai ajudar Portugal e deslindei mais uma das conspirações hegemónicas dos países ricos: sim, este tempo todo a financiarem 40 por cento do Orçamento de Estado Etíope quando afinal do que a Etiópia precisava era directamente de computadores com Internet. Agem mesmo de má fé estes “ocidentais” (menos os da Cisco Systems que são uns porreiraços e vão instalar a Internet no país).
BF

terça-feira, abril 05, 2005

O diabo que nos seduziu

"Última luta e derrota definitiva de satanás.
Terminados os mil anos, satanás será solto da sua prisão e sairá para seduzir as nações que estão nos quatro cantos da terra, Gog e Magog, a fim de os reunir para a guerra, numerosos, como são, quanto a areia do mar. Subiram sobre toda a superfície do país e rodearam o acampamento dos santos e a cidade muito amada. Mas desceu fogo, enviado do céu, por Deus, e devorou-os. O diabo, que os seduziu, foi lançado no lago de fogo e de enxofre, onde a besta e o falso profeta já se achavam, e serão atormentados dia e noite, por todos os séculos."

(Livro do Apocalipse, 20 - Fim do Mundo)
Vem, Satanás! A Besta e o Falso Profeta recebem-te no lago de fogo e de enxofre onde foste lançado.
Bem-vindo ao teu mundo.
Vamos espremê-los! BF e JB

segunda-feira, abril 04, 2005

Princípio, Meio e Fim


Como é habitualmente referido na doutrina filosófica da vida terrena, tudo tem princípio, meio e fim; e ao que parece também o ilustre e nobre blog Pontos Negros (PN) - do qual agora tenho o prazer de fazer parte - teve aquele Princípio, aquele Meio e este Fim.
Os que acompanharam a existência do PN, não é certamente com acanhamento que exprimirão o preenchimento, a alegria, a saúde e confiança que lhes trouxe desde a sua fundação, a eles e às suas famílias. Seguramente lembrar-se-ão do primeiro dia, do primeiro post de Bernardino Fernandes - genial apesar a incipiência - , o múrmurio que se gerava à volta da sua criação, a aclamação de toda uma elite, e o seu amadurecimento com a fértil colaboração de João Berhan.
Todavia, como que por obra do destino ou ponto-cruz diabólico, o Fim chegou, isto é, claramente eu vim destruir, mesmo derrubar a essência do blog: inteligência produtiva e/ou humorizada na crítica.
A participação de tão ignóbil mente no PN, cortará pela raiz uma grande promessa na blogosfera nacional.
Mas, concluindo, não me envergonho de representar tal papel que não é mais que a consumação da natureza.


P.S.: Este post é a minha apresentação ao blog, pelo que entendi me auto-denegrir, com a finalidade de ser bem aceite ao me expor a público.
Quero também referir que as pessoas que escrevem este blog são idosas e escondem a sua verdadeira identidade. RR

domingo, abril 03, 2005

Em termos de Gabriel Alves (III)

Sem querer ser exaustivo por demais neste tema - existem sites e clubes de fãs próprios para o efeito (como o CAGA, Clube de Amigos de Gabriel Alves) - deixo aqui o hipotético comentário perfeito a uma hipotética jogada, hipoteticamente dito por Gabriel Alves durante a hipotética repetição do hipotético lance.
Não o disse, mas podia tê-lo dito. Ou será que o disse?...

"Repare-se, o central, a tirar o pão da boca ao adversário, a progredir no terreno, a triangulação no miolo, muda o flanco de jogo, endossa o esférico no trinco, boa visão de jogo, e agora!, bola no número dez, inteligência, destreza técnica e mestria táctica, lucidez, dois pés, o mágico no tapete, dentro das quatro linhas, passe a rasgar, UÔU!, além da muralha defensiva, o extremo a imprimir velocidade no último terço de terreno, em esforço, no avançado-centro, senhor da área, antecipação ao primeiro poste, a elevação é legal, cabeceia como mandam as regras, do topo para baixo, bola na trave direita! Que espectáculo em termos de futebol jogado! Merecia melhor sorte, o dinamarquês."

Obrigado, pai, por partilhares comigo uma espécie de amor por este homem. JB

sexta-feira, abril 01, 2005

Em termos de Gabriel Alves (II)

Afinal sempre é possível juntar palavras umas às outras sem intenção de formar uma frase:

"Uma casa interessantíssima em termos de envolvência, o Estádio da Luz" ou ainda "Rockemback veio ocupar o vértice no meio-campo em termos de triângulo" são exemplos disso.

Façamos a experiência... Também nós podemos ser pequenos comentadores desportivos com lugar cativo na RTP! Peguemos em duas ideias traduzidas em palavras e colemo-las com a locução conjuncional em termos de:

"Gabriel Alves é Deus e Senhor em termos de cultura táctica."
"O terrorismo é uma ameaça à escala global em termos de perigo."
"Este bife está muito bem temperado em termos de pimenta."

Está respondida uma das perguntas que levantei no post anterior. Gabriel Alves não sabe o que diz quando diz o que diz. JB