domingo, junho 26, 2005

Náufragas (dia 2)


Estávamos ainda acordadas quando o sol já estava a nascer. Não tínhamos conseguido pregar olho a noite toda, com a chuva tropical a cair pesada nas copas das árvores onde nos abrigáramos. A Valentina e a Inguna foram as únicas que conseguiram adormecer por uns momentos, com o cansaço. A Euguenia, a Hana, a Marija e a Natasha passaram a noite abraçadas para se aquecerem, a soluçarem de quando em vez para esconderem o choro e não se assustarem umas às outras. Eu fiquei com a Natalia a olhar pela Carmen, que dormia ainda, demasiado fraca e pálida.
Agora que a chuva parara e o sol se levantava e aquecia a areia, as raparigas arriscaram sair do abrigo e espreitar a luz do dia. Uma a uma, aqueciam-se deitadas na areia, com a cara levantada para o sol.
- Karolina, Natalia! Venham, já não chove! Aqui está quentinho!
- Não podemos! - gritou a Natalia, irritada - A Carmen...
- Natalia, vai. Estás a tremer de frio, vai aquecer-te com elas. Hoje temos um dia comprido pela frente.
- Mas, Karolina...
- Eu já vou ter com vocês. A Carmen deve estar a acordar, também precisa de apanhar sol.
- Está bem.
Deu-me um beijinho no pescoço.
- Boca de pato...
- Oh, parva! Querias tu...
- Vá, vai-te embora.
Levantou-se. Vi-a despir o biquini encharcado enquanto descia o areal. A Natasha, a Valentina e a Inguna imitaram-na e estenderam os biquinis ao sol. Hoje temos de ir à procura de alguém... Olhei para a Carmen, com a cabeça no meu colo. Acordava...

JB