quarta-feira, março 30, 2005

Em termos de Gabriel Alves

"Futebol robusto", "Um metro e oitenta de alto gabarito, este jovem de escola inglesa", "UÔU! Bem, por banda do centro-campista!" ou ainda "Bola no pé, o drible, dois pés, triangulação no miolo, passe em profundidade, a rasgar, no último terço de terreno - a magia do desporto-rei!" são algumas das deliciosas conjugações de palavras (ou serão frases?) que temos o privilégio de ouvir, apenas por sermos portugueses e gostarmos de futebol.

Há dias em que uma pessoa acorda a sentir-se sexy. Dia de jogo da Selecção Nacional é, para Gabriel Alves, um desses dias. Os comentários a um jogo de futebol tornam-se repentinamente agradáveis recitais de poesia e o telespectador tem, por momentos, a sensação de que está a assitir a uma final de um campeonato mundial de curling (aquele "desporto" no qual ganha a equipa que deixar a pista de gelo mais bem polidinha).
Aqui ficam alguns dos versos do seu poema de hoje, no embate Eslováquia-Portugal em patinagem artística:

"A Força Aérea portuguesa em déficit perante a anti-aérea eslovaca."
"A Eslováquia em dificuldades nos lances à flor da relva."

Enfim, muito mais haverá a dizer sobre este guru da comunicação.
Saberá Gabriel Alves o que diz, quando diz o que diz? Será Gabriel Alves um terráqueo igual a todos nós? Conseguirá Gabriel Alves ocupar o lugar de Seleccionador Nacional que, no mais íntimo de si próprio, deseja há anos? Será um "centro-campista" um indivíduo que pratica campismo no Centro?
Procurarei responder a estas e outras perguntas em colunas posteriores. JB