segunda-feira, julho 18, 2005

O mundo é um lugar bonito

Foi em Junho que os conheci. O calor já circulava com o vento e o ano acabava devagarinho. Sentia o passar dos minutos carregados pelo sol enquanto caminhava para a boca do metro. Ir a casa, preparar a mala, ir ter com eles. Certo. Combinámos ali meia hora mais tarde. Íamos à praia. Os rostos passavam por mim, agitados, do mesmo modo que eu passava pela vida, levados pela corrente de ar do túnel. Chiça! É o meu metro. Aproveitei a desculpa e compensei o hambúrguer acabado de comer. Pus-me no cais do metro num piscar de olhos… Mesmo a tempo de ver o comboio a sair. Não é o meu dia. Definitivamente. Como, aliás, poucos o são. Virei-me de costas para a linha e comecei a contemplar os cartazes de publicidade. Ainda me recordo da sensação de aconchego espiritual que me invadiu. Via o brilho dos meus olhos reflectido no vidro que me separava deles. Lá estavam eles. O Mister D, o Zé Milho, o Ruca e o Topê. Preferiam que lhes chamasse D’ZRT. Gosto! Dá um ar mais unido e evidencia o que cada um traz ao grupo. Mas como se lerá? Soube mais tarde - após uma pesquisa conturbada em que o Google me perguntou se eu não queria dizer “dirt” - que se lê “dessert”, que é como quem diz “sobremesa”. A cobertura de açúcar estava lá, de facto. Mostravam um semblante carregado como quem me quer ensinar uma lição e as calças largas e penteados que o não eram inquietavam-me. Mas eu gostei daquele espírito! A minha vida precisava da atitude deles. Precisava de me rebelar. De me fazer ouvir. De mostrar que “para mim tanto me faz” e que tenho direito a essa apatia! Deixem os jovens em paz! Gritava o meu eu interior enquanto chorava de alegria por ter encontrado quem o compreendesse. Estava salvo.
A partir de então não mais os larguei. Juntei-me às milhares de fãs e fui vê-los ao vivo. Tive sorte. Era dos mais altos e consegui ver tudo, o que também multiplicou os pedidos de cavalitas por parte das juvenis espectadoras. Que estilo! Que atitude! Que pausa! És lindo Topê! O mundo pareceu-me mais bonito naquele momento. As vozes entoavam as músicas, os beijos voavam num fluxo contínuo e recíproco, os “Adoro-vos D’ZRT” inclinavam-se ao som das melodias nos braços fraquejantes das fãs mais cansadas... A vida parecia mais simples, como alguém disse um dia, e eu encontrei o meu caminho. Adooooowwooooo-vuuuuuxxxxxxxx! BF