Três passarinhos azuis
Acabara de chover e o sol, que tudo à volta secava, adormecia-me os olhos. Ao longe, uma nesga de Guincho aparecia e desaparecia com as curvas da estrada que me embalavam. Talvez não devesse dormitar, já sei que acordo com um torcicolo. Abri a janela e respirei o vento húmido e salgado. Sem dar por isso, esfregava os pés frios e ao som da música adormecia...
Três passarinhos azuis pousaram na minha janela.
- Bom dia, passarinhos azuis.
- Boa tarde, queres tu dizer!
Olhei para o sol, escondido atrás das nuvens matinais. Como podia ser de tarde se as nuvens eram matinais? Os passarinhos não tinham razão, mas decidi não discutir com eles.
- Parece que o Verão veio para ficar...
- Como canela...
- Doce, tão doce!
As raparigas, lá em baixo, jogavam à macaca no passeio.
- Tens ouvido o gira-discos?
- Pensavas que eras mais forte?
- As noites mantiveram-te acordado?
Perguntei-lhes como tinham aprendido a falar, mas só se ouviam a si próprios.
- Às vezes é normal termos medo, não faz mal.
- Hás-de te encontrar contigo, algum dia...
- De alguma maneira.
Senti-me prestes a acordar. Tive de os interromper.
- Como sabem tanta coisa, passarinhos?
Calaram-se e lançaram-me aquele olhar grave e preocupado que só os passarinhos azuis conseguem fazer.
- Não te preocupes demasiado, João.
- Como é que sabes o meu nome?
- Talvez não te devas perguntar como é que sei o teu nome, mas quando é que sei o teu nome.
Parei para pensar. A pergunta não fazia sentido, o cabrão do pássaro estava a gozar comigo.
Acordei sobressaltado e com um torcicolo. JB
Três passarinhos azuis pousaram na minha janela.
- Bom dia, passarinhos azuis.
- Boa tarde, queres tu dizer!
Olhei para o sol, escondido atrás das nuvens matinais. Como podia ser de tarde se as nuvens eram matinais? Os passarinhos não tinham razão, mas decidi não discutir com eles.
- Parece que o Verão veio para ficar...
- Como canela...
- Doce, tão doce!
As raparigas, lá em baixo, jogavam à macaca no passeio.
- Tens ouvido o gira-discos?
- Pensavas que eras mais forte?
- As noites mantiveram-te acordado?
Perguntei-lhes como tinham aprendido a falar, mas só se ouviam a si próprios.
- Às vezes é normal termos medo, não faz mal.
- Hás-de te encontrar contigo, algum dia...
- De alguma maneira.
Senti-me prestes a acordar. Tive de os interromper.
- Como sabem tanta coisa, passarinhos?
Calaram-se e lançaram-me aquele olhar grave e preocupado que só os passarinhos azuis conseguem fazer.
- Não te preocupes demasiado, João.
- Como é que sabes o meu nome?
- Talvez não te devas perguntar como é que sei o teu nome, mas quando é que sei o teu nome.
Parei para pensar. A pergunta não fazia sentido, o cabrão do pássaro estava a gozar comigo.
Acordei sobressaltado e com um torcicolo. JB
8 Comments:
Muito bom... ainda que seja sintomático de alguns problemas mentais..
Gostei do que li, que confirma o teu talento
pbc
pobre
antes pobre que muito pobre.
antes muito pobre que muitíssimo pobre.. até onde é que isto poderá chegar..
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Super color scheme, I like it! Keep up the good work. Thanks for sharing this wonderful site with us.
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Mt giro. Esse humor pseudo-pop-romantico-sarcastico é 'musica para os meus ouvidos'(PS. Da proxima vez nao adormeças a ouvir Corinne Bailey Rae)*
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